segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Primeira vez


O calor pairava no meio dos nossos corpos.
Não se ouviam vozes, apenas um respirar acelarado de ambos os seres.
A música fluia tentando-nos envolver ainda mais.
Beijaste-me o pescoço, os labios, os seios e com bastante sensualidade, paixão e carinho, mordeste-me a orelha deixando-me arrepiada e ainda mais envolvida.
Tocaste-me com o teu olhar. Tocas-me bem no fundo, onde nenhum outro alguém me teria alguma vez tocado.



SARA RAMALHO

domingo, 16 de agosto de 2009

Principio do fim


Sentia o estomago às voltas. O choque da traição e o seu comportamento fraco e desprezível tinham-me apanhado de surpresa. Julguei que iria cair do céu e rolar por terra, onde sempre deveria ter estado. O desgosto assumia proporções tais que se assemelhava a uma garra de ferro quase insuportável. A mágoa, a raiva, a humilhação, o desapontamento e um súbito pânico aliaram-se numa vaga que lhe quebrou o coração. O aroma das rosas pairava no ar em ondas asfixiantes, numa fragrância adocicada que lhe dava a sensação de ir desmaiar. Aquele perfume sufocava-me. O meu único desejo era fugir deste mundo, fugir para bem longe dele.
Acabei por dizer, num simulacro de voz:
-'' Beija-me como se fosse a nossa ultima vez! ''.


SARA RAMALHO

domingo, 9 de agosto de 2009

Mente-me, diz que sou a tal !


Pelos ombros, caío-me a fragilidade do teu toque, tal como a porcelana e, com um brilho róseo que te era conferido pela luz do candeeiro... e a minha respiração tornou-se ofegante, aquela abundante cascata e,segurando-me por detrás do pescoço, aproximou o meu rosto ao seu.
Os lábios saborearam-lhe o calor e a sua suavidade e ambos deixamo-nos envolver por uma ânsia enorme e pelas emoções retidas durante semanas a fio. A sua bocapercorreu-me o pescoço, beijoume os ombros, os seios e o vale entre estes, ao mesmo tempo que as susas mãos se perdiam na pele firme e me exploravam todo o corpo, até fazer-me despertar para uma fogosidade semelhante à dele. Senti-me tomada de um calor desconhecido, como que uma queimadura que se apoderava do mais íntimo de mim.
O corpo ergueu-se num arco, ao encontro do dele. Ansiava por se lhe unir por sermos seres num só, e maravilhei-me, ante aquele prazer nos nossos corpos, surpreendida ante a facilidade com que a relutância se dissipava como se jamais tivesse existido. E entreguei-me-lhe de alma e coração, recebendo os seus beijos e correspondendo, fogosamente, às suas exigências.
Pensei que tudo isto era verdade, mas, quando acordei, olhei em meu redor e vi que nem a tua presença conseguiria soletrar.
Estas longe do meu ser e sempre.
Mente-me, diz que sou a tal.





SARA RAMALHO

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Lubrificaste-te

O quarto apresentava-se inundado de uma luz suave que se infiltrava pela escuridão dos meus olhos.
A seda, vermelha-palida, que forrava as paredes das minhas veias, serveria também de reposteiro aos meus ouvidos que, enganados, pensavam que virias.
Engoli em seco e mantive-me silenciosa, mordendo as palavras que, inicialmente, me dispusera a articular. E cometi um erro que lamentaria a vida inteira, pois, se tivesse falado, se tivesse reivindicado, saberia que eras tu e, que irias ficar.
Tudo isto estava predestinado para acontecer, desde o primeiro instante em que tu, a tua luz, me socumbiram um sorriso de belas lembranças
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SARA RAMALHO